celio ramos fernando quesada

Mercado da música na atualidade é tema de palestra em Universidade Anhembi Morumbi

19:22Sonora

Pensando nos apaixonados por música, a Universidade Anhembi Morumbi promoveu uma mesa redonda com grandes nomes da produção e marketing musical na última terça-feira (28), no Campus Morumbi.

A palestra, direcionada a professores e estudantes da pós graduação do curso “Negócios da Música” – mas aberta ao público –, contou com Wagner Fulco (produtor musical), Célio Ramos (diretor da EM&T), Renata Gomes (marketing musical), Miguel De Laet (professor de pós-graduação de Trilha Sonora na UAM) e Fernando Quesada (multi-instrumentista) que colocaram em pauta assuntos como sucesso, marketing, técnica, criatividade, público, mulheres na música e investimento na carreira.


(Foto: Beatrice Sala e Alessandro Bigi)

O primeiro assunto da roda foi “O que é sucesso?”Quesada iniciou o debate com uma comparação entre sucesso e fama. “Fama você pode ter nas redes sociais, mas é passageiro, não tem garantia. Sucesso é um objetivo alcançado passo a passo”, enfatizou.

Bob Dylan (Divulgação)
Já Célio Ramos alertou: “Vocês precisam trabalhar com o que gostam”, e seguiu a linha de pensamento citando Bob Dylan: homem é um sucesso se ele levanta de manhã, vai para a cama à noite e no meio ele faz o que quer fazer”.

De Laet explicou que a motivação pelo desejo e sonho são necessários pra que a gente realmente se empenhe. Afinal, sem querer de verdade quem tem animação pra exercer qualquer atividade?

Mas, Quesada e Ramos ressaltam que no meio do caminho podem ter alguns detalhes dos quais você não seja o maior fã, mas é necessário aprendê-lo. “Não existe tarefa ingrata se ela é necessária”, completou Ramos.  
Mesmo tendo fixo o que você gosta e decidiu para si é necessário ter um propósito, como enfatizou Renata Gomes. Às vezes, movidos por cases de sucesso que vimos por aí, buscamos caminhos semelhantes e esquecemos que cada um tem a sua história. Seu proposito é único, ele quem ditará seu caminho.  

O mesmo caminho precisa de uma definição básica: Que público você quer atingir? É preciso posicionar o som que você produz de acordo com quem irá consumi-lo e saber que, definitivamente, existem sonoridades que não atingem a massa, ou seja, o grande público. 

Qual seu preço no mercado?
Quesada explica que o "preço" está ligado diretamente a identidade versus imagem. A identidade é um fragmento de sua imagem. Ambas devem estar alinhadas ao seu posicionamento e serem claras ao seu público. Com isso, o público saberá o valor que você define pra si e o passará para frente. De Laet explica com uma frase sucinta onde vamos chegar com este processo: “Se você não tem valor definido e o propaga, como você espera que os outros saibam dele?”, jogando a dúvida ao público presente.


(Foto: Tatiana Acevedo, Lorena Borbón, Luisa Rodrigues e Maria Cauan)


Fulco contou um pouco sobre sua trajetória e, em especial, dos primeiros dias que passou fora do pais, ainda com 19 anos e à procura do primeiro emprego no exterior. Buscar conquistas diárias, mesmo coisas pequenas, eram sua motivação. Gomes reforça a importância de se colocar nessa situação: “Temos que gerar o valor diariamente para que estejamos ansiosos e preparados para o próximo dia”.  

Se você está preocupado com o valor que deve se atribuir, Quesada explica: “De um extremo ao outro tudo tem seu valor. Eu já trabalhei com Salgadinho e com Sepultura e, musicalmente, os dois eram bons”. Gênero musical não esta ligado à qualidade! 

Rita Lee (Foto: Divulgação)
Fulco também falou sobre sua experiência em uma escola renomada nos EUA. Ao acreditar que traria inovação no universo dos guitarristas, se deparou com tantos profissionais bons que percebeu que realmente precisava buscar um diferencial. Foi então que Renata Gomes deu ênfase ao preconceito com mulheres na música. “E quantas mulheres havia na escola toda?”. É claro que a resposta de Fulco foi correspondente a um número mínimo e absurdo perto da quantidade de alunos que a instituição contava. “Mulheres vivem em concorrência com o capitalismo e machismo, todas as nossas escolhas são politicas”, afirmou Gomes ressaltando a importância das mulheres na música e de buscarmos maior espaço no mercado.

Investimento entrou em pauta logo em seguida. Alguém da plateia levantou a mão e questionou “E se eu não tiver dinheiro pra pagar um empresário?”Quesada explica que tudo bem, mas algum investimento será necessário. Com o nascimento da internet, todo o processo musical se democratizou. Agora quem dita as regras não são mais as gravadoras, mas sim seu público que está diretamente ligado ao alcance de sua produção. A grana pra promover seu vídeo no YouTube, no Facebook ou em qualquer ferramenta online é indispensável.  É o momento de cavar seu espaço, impulsionar seu trabalho. E também a oportunidade de conversar genuinamente com as pessoas sobre a percepção delas sobre seu som. Não é falar com alguém, é de fato conversar e trocar informações.  

(Foto: Reprodução)
Mesmo investindo, tendo seu propósito e definindo seu público, ainda sobra um item. Qual sua marca? O que te diferencia dos outros?  Existem tantos músicos bons, tanta gente que toca as notas certas e se empenha, mas e o que você faz de inovador? É agora que criatividade e técnica se enfrentam, como coloca Ramos. Técnica te torna exímio nos procedimentos, mas só a criatividade pode te destacar. É o ingrediente artístico!

Já no final do papo, uma pergunta sobre a diferença do mercado nacional e internacional foi direcionado a Fulco, especialmente por sua experiência fora do paísO produtor confessou que o grande problema na produção nacional está no "jeitinho brasileiro", aquele que só favorece uma das partes. Mas Quesada lembrou que somos agraciados com equipamentos bons, bons músicos e há gente de fora interessada em gravar conosco. Inclusive, você sabia que a segunda música mais vendida do mundo é “Garota de Ipanema”? 

Depois do debate inspirador e de informações valiosas pra quem espera viver de música, fica a vontade de produzir um novo sucesso mundial. Professora Marly, coordenadora do curso de Negócios da Música da UAM finalizou: “Podemos fazer coisas novas e de qualidade dentro do nosso tempo, não precisa ser erudita e nem precisa ser música de concerto para ter qualidade”.  

E aí, o papo te ajudou em algo? Conta pra gente sua opinião sobre tudo que discutimos! 




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