Ana Cañas
Mulhergaláxia
Em tarde de domingo, Ana Cañas emociona com espetáculo Mulhergaláxia
19:15Sonora
A
artista apresentou o novo formato de show com repertório de hits e covers
repaginados
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(Foto: Reprodução/ Facebook) |
De pés descalços, saia
longa, sentada confortavelmente em um banco alto, Ana Cañas começou seu espetáculo Mulhergaláxia em sua segunda data, no Sesc Consolação. A voz tem
potência e a presença é chocante.
Logo de início fiquei
surpresa como, por várias vezes, ela decidia tirar o microfone da boca e
abaixá-lo, mas mantinha a voz no mesmo tom e surpreendia com o som, mais suave,
mas ainda exímio.
Acompanhada do baixo de Fabio Sá e do violão de Estevan Sinkovitz e sob direção
artística de Marcus Preto, Ana Cañas sorri largo no palco.
Enquanto se mexia pelo
espaço, alguém do lado esquerdo da plateia abriu os braços em direção a ela. Eu,
do fundo do teatro, vi a resposta carinhosa de quem sentia o amor do público. O lugar estava lotado em seu segundo dia, após um sábado de ingressos esgotados.
Quando ela assume o violão,
mostra a música, ainda não lançada oficialmente, que dá nome ao seu atual show. Mulhergaláxia é forte, escrachada e empodera. É exatamente como Ana Cañas. Os agudos certeiros tiram o
fôlego.
Não sei bem se Ana se encaixa em rock nas labels
necessárias das livrarias - ou se você não gostar muito de lojas físicas, nas
labels utilizadas para criar playlists nas plataformas -, mas eu tenho certeza
que ela é a pessoa mais rock n’ roll que eu já vi subir em um palco.
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( Foto: Reprodução/ Instagram @tecalamboglia_fotografia) |
Ela dança livre, sorri, caminha com os pés descalços e às vezes, sem notar, se enrola
nos fios dos instrumentos, mas resolve saindo entre pulos e nenhuma
preocupação.
No meio do show, Ana faz uma
pausa pra marcar uma data. No dia 13 de
maio, dia da abolição da escravatura, será lançado um novo single, “Respeita”, acompanhado de um clipe
feito com 85 mulheres da militância e resistência feminista. A comemoração
acontece em um show de lançamento, no mesmo dia, no Centro Cultural do Rio Verde.
Ela sai do palco por um
instante breve, volta de chapéu, senta no banco com pernas de índio, pega seu
pandeiro. De cabeça baixa, começa “Urubu
Rei” entre luzes piscantes, com o som da guitarra e o baixo que rasga. O
clima é de rebeldia, caos e contraversão interpretada pela voz poderosa e
decidida da mulher que em cima do palco, mais se parece uma entidade.
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(Foto: Reprodução/ Instagram @hedernovaes) |
Em uma montanha russa, ela
emenda em “Eu Amo Você”, de Tim
Maia, e avisa antes “Esse é o compositor que eu mais ouço quando eu tô
fodendo”. Desbocada, dona de si.
“Tô
Na Vida”, faixa-título de seu último trabalho lançado há dois
anos, causou algumas interrupções na voz da cantora quando a voz de seu público se
sobrepunha. Sorrindo ela recebia com satisfação.
No meu coração senti várias coisas diferentes ao ver uma troca sincera. Fiquei feliz que eu e Ana temos algo em comum: Escolhemos a música de coração. Todo aquele teatro também estava conosco nessa.
No meu coração senti várias coisas diferentes ao ver uma troca sincera. Fiquei feliz que eu e Ana temos algo em comum: Escolhemos a música de coração. Todo aquele teatro também estava conosco nessa.
Mais próxima da plateia, desta vez sozinha e apenas com seu violão, Ana toca “Pra Você Guardei O Amor”, música que sela sua parceria e amizade com Nando Reis. Embalada pelo ritmo do público, a voz dela faltou ao microfone por um breve instante. Emocionada, se recompôs e continuou com muita doçura. Entre uma batida e outra de violão, ela passou a mão rápido do lado direito do rosto e limpou uma lágrima que escorreu. Limpei uma do meu olho que quase caiu do mesmo lado. As palmas foram altas.
Ali, eu já me preparava para
o final do show sem ainda ter aceitado quantas sensações diferentes Mulhergaláxia havia reservado para uma
mesma apresentação em um show de uma hora e tantos de duração.
As luzes se apagam, só Fábio Sá fica no palco em posse de seu
baixo em um som pesado e consistente. A iluminação, responsabilidade
de Paulinho Fluxus, era definitivamente de tirar o fôlego. Ana entra e se abaixa no canto do palco com uma luz
muito sútil a iluminando. Ela reluz em um momento sofrido, quase selvagem da
interpretação de “Retrato
Branco e Preto”.
O fim se aproxima com "D’yer Mak’er", de Led Zepelin, e uma volta ao palco para o bis com “Índia”, de Roberto Carlos.
O fim se aproxima com "D’yer Mak’er", de Led Zepelin, e uma volta ao palco para o bis com “Índia”, de Roberto Carlos.
Quando intitulam um show de espetáculo eu costumo achar uma definição muito forte. Mas Ana Cañas me mostrou o que de fato é um espetáculo.
Acompanhe Ana Cañas na internet:
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