“O que aprendi com essas mulheres foi resistir", conta Candy Mel da Banda Uó em papo sobre música e feminismo
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(Foto: Luis Ojima) |
Acompanho Candy Mel, especialmente no Instagram,
há algum tempo. Acho engraçado como essas redes sociais fazem a gente se sentir
próximo de quem nunca conhecemos de verdade e olhamos no olho. Me sinto feliz
de achar que acompanho um pedacinho da vida dela.
Ela é a musa da Banda Uó, onde divide o microfone com Matheus Carrilho e David Sabbag. É também a primeira apresentadora transexual do país
(à frente do Estação Plural, exibido
na TV Brasil, que teve sua primeira
temporada em março do ano passado), também foi a primeira trans a estrear em um
comercial de maquiagem, em 2015 e voltou aparecer em uma nova campanha neste ano.
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(Foto: Divulgação) – Assista a primeira propaganda AQUI e a nova campanha AQUI. |
Candy é a
representatividade de tanta coisa. Ela num programa de TV, ela numa propaganda
de cosméticos, ela num palco. Ela.
Curioso como
eventualmente a gente não percebe o que está acontecendo e não nota o grito das
coisas. Candy Mel é um passo largo,
num salto alto, com cabelo enrolado, cheia de vida. É uma transexual sendo
respeitada, se amando e berrando liberdade, escancarando a representatividade.
Assista ao último clipe
da Banda Uó, "Sauna":
Comemoramos há pouco (e ainda mantemos a comemoração) do fenômeno incontestável do feminejo. Mulheres dominando os topos das paradas com seu sertanejo e deixando de lado o machismo que sempre consumimos nas músicas mais tocadas. Confesso que pode estar parecendo confuso sair de Banda Uó e parar em Marília Mendonça, Simone e Simaria e Maiara e Maraísa, mas foi esse o tema que iniciou minha conversa com Candy.
De confusão entre feminejo e
Candy Mel, no final, não há nada. “Quando
uma mulher se apodera de lugares que antes eram ocupados majoritariamente por
homens heterocissexuais, isso dá poder a outras! Seja em qualquer segmento
musical... Essa representatividade
feminina só faz abrir caminhos pra outras artistas em todos os gêneros!”,
afirma.
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Foto: Divulgação |
Conquistar lugares maiores no mundo musical, ver as mais tocadas serem
preenchidas com faixas de mulheres, - que por vezes incitam a reflexão sobre o machismo enraizado nas letras- , é uma grande conquista, mas a luta ainda precisa seguir. Infelizmente ainda não podemos comemorar a igualdade dos gêneros.
“O meio fonográfico, assim como toda
a estrutura é bem machista. Internamente e em suas diretrizes possuem poucas
mulheres; o que nos faz parecer incapazes de coordenar. Mas a luta é pra
que isso mude, pra que quando estiver ocupando esse posto de chefia não sejamos
“chatas”, mas sim competentes e aptas”, comenta Candy.
Falando em mercado, a mulher ainda sofre com remuneração baixa. Segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial (FEM) realizada em 2016, de acordo com o ritmo que andamos, os salários entre gêneros só vão se equiparar em 170 anos. A reprodução de estereótipos machistas em ambientes profissionais que contribuem para uma degradação da mulher dentro da atmosfera de trabalho e isso é refletido em seus salários.
Falando em mercado, a mulher ainda sofre com remuneração baixa. Segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial (FEM) realizada em 2016, de acordo com o ritmo que andamos, os salários entre gêneros só vão se equiparar em 170 anos. A reprodução de estereótipos machistas em ambientes profissionais que contribuem para uma degradação da mulher dentro da atmosfera de trabalho e isso é refletido em seus salários.
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(Foto: Divulgação) |
Os dados, desde equidade de remuneração, violência contra mulher (tanto física quanto psicológica), quanto as atitudes machistas que encaramos dia-a-dia mostram a necessidade da luta. O feminismo é necessário e continuará lutando.
Visibilidade. Precisamos dar visibilidade. Precisamos de união, de fortificação. “Saibamos identificar as violências e atacá-las de forma precisa!”
Visibilidade. Precisamos dar visibilidade. Precisamos de união, de fortificação. “Saibamos identificar as violências e atacá-las de forma precisa!”
Mulheres ensinam, inspiram. Tina
Turner, Nina Simone, Djalma Ribeiro, avó Maria, tia Elise,
mãe Kátia, toda elas ensinaram algo muito valioso à Candy.
“O que aprendi com essas mulheres foi resistir. Resistir parece só mais uma palavra,
mas seu sentido é amplo! Resistir é lutar pela sobrevivência, é se sentir sem
armas, mas não fugir dos obstáculos! É fazer da luta de hoje, a paz de amanhã”,
finaliza.
Acompanhe
Banda Uó e Candy Mel nas redes sociais:
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