breakout 2015 Entrevista

Em entrevista, Jéf fala sobre consumo atual da música e comemora um ano de lançamento do "Interior"

14:42Sonora





Jéf, natural de Três Coroas, Rio Grande do Sul, compositor, cantor e artista que transforma música em abraços. Essa definição é dada por sua própria base de fãs que, aos poucos, cresce a cada dia. No último sábado (27) fomos ao Teatro da Rotina, na Rua Augusta, para assistir ao show que intercalou faixas do “Leve”, primeiro disco lançado e do “Interior”, trabalho resultante da conquista do reality musical “Breakout Brasil”, da Sony Music.

Jéf em ação do aplicativo Uber (Foto: Divulgação)
Em ambiente intimista, Jéf deu pausas entre as músicas para falar um pouco sobre elas. E, nas entrelinhas de suas frases tímidas, o artista falou sobre superação, acreditar em si mesmo, emocionou o público com uma canção dedicada a sua mãe e emendou uma versão de “Na Sua Estante”, da Pitty; “Bang”, da Anitta e “Se For Pra Tudo Dar Errado”, da banda gaúcha Tópaz. Versatilidade, domínio de seu talento e troca com o público foram as características marcantes do espetáculo voz e violão.

E é impossível admirar sua música sem querer entender o que há por trás do artista que, no início da carreira, ouviu que não tinha voz para cantar. Jéf não tem só a voz, que vez ou outra se mostra forte e segura de si, mas tem também a emoção e o frio na barriga de, como ele mesmo diz, achar que seus shows estarão vazios. Não há pretensão, há amor. E foi sobre amor, consumo atual da música e futuro que conversamos – bate papo que você confere agora.


"Interior" foi seu primeiro disco lançado por uma grande gravadora e já completa um ano no mercado. Hoje, você consegue fazer um balanço do que esse trabalho te acrescentou como profissional e pessoa?
Poxa, muita coisa legal aconteceu. Hoje a música é meu trabalho e isso virou uma empresa. Tem gente que trabalha comigo e me ajuda a pensar nas coisas. Antes eu era sozinho, me virava. Tem sido uma experiência bem incrível ver sua arte de outra forma. Passei a assinar contratos, a ter uma visão diferente do mercado. Muita gente boa veio agregar ao projeto, então tem sido ótimo. Toquei no SXSW (Austin, Texas) esse ano, foi uma grande experiência; no Abril Pro Rock, em Recife; no Prata da Casa, no SESC Pompéia, em São Paulo. Esse disco trouxe muita experiência para a minha jornada pessoal e profissional.


(Foto: Localzo)
Ano passado fui a casa onde você estava hospedado, em uma estadia breve por São Paulo. No dia, lembro que encontrei um artista simples, mas com muita história. Então, um artista que tem mais de 14 mil ouvintes mensais no Spotify, além de simplicidade, traz o que mais na bagagem?
Ah, eu acho que é algo da essência, sabe? Eu sou assim, simples. Quando venci o programa [Breakout Brasil, reality da Sony Music] ouvi de algumas pessoas coisas do tipo "vê se não vai mudar", mas eu nunca planejei vencer um programa pra deixar de ser quem eu sou. É meio engraçado até. Eu sou o que eu sou. Minha música é o que eu sou. Trago na bagagem também muito amor e carinho, coisas de família que tento passar para as pessoas, tento contribuir da minha forma pra fazer do mundo um lugar um pouquinho melhor pra alguém.
"Intervir", oitava faixa do “Interior”, além de ser a canção que mais me identifico, traz o discurso de que você precisa cumprir a sua missão, ser você mesmo e ser mais leve, não deixando que alguém interfira do seu caminho. Essa música traz muito do que você viveu?
É minha música favorita do disco, acho que é uma das que eu mais me emociono quando toco, pois tem muita verdade nela. Temos mania de ficarmos felizes com os elogios e aí recebemos uma crítica e parece que é o fim do mundo. No começo ouvi coisas que não gostava e aquilo me fazia muito mal. Com o tempo percebi que não adianta, a gente precisa seguir. Nós precisamos acreditar naquilo que estamos dispostos a fazer, só assim alguém pode acreditar junto. Quando alguém te diz algo que te machuca, tu podes deixar aquilo te machucar, ou não. Eu tento não mais deixar.


Em meio a um mercado saturado de lançamentos diários, novos EPs e menos discos cheios lançados em formato físico, você tem dois discos com dez faixas cada um. Como você analisa o consumo da música na atualidade? Como você consome música?
Pois é, é meio assustador até. Logo que lancei o segundo disco vi alguém falando "já quero o terceiro" e achei bem louco. Eu sou muito ansioso. Mal terminei o segundo e já estava compondo para o terceiro. Agora estou com ele pronto e já estou pensando no próximo. Eu tenho essa inquietude, eu preciso produzir... Acho que é algo da nossa geração. O consumo disso tudo me preocupa um pouco, porque as coisas acabam se tornando meio descartáveis para as pessoas. As relações acabam se tornando voláteis. Enfim... Minha forma de consumir é um pouco diferente. Eu procuro coisas novas e quando gosto, fico ouvindo aquilo por algum tempo. Tem aquelas bandas que estão sempre no coração, no dia a dia também. Procuro estar atento ao novo, olhando para frente e para os lados, acho que pra quem faz música, isso é muito importante.

Jéf e banda no Breakout Brasil (Foto: Divulgação)
Existe uma grande crítica aos realities musicais: o de que os ganhadores não se mantêm na mídia por tempo suficiente para conseguirem consolidar uma carreira, mas essa é a visão do público. No Brasil, o grande público tende a votar na história de vida do participante, e não em técnica vocal. Você concorda com essa visão? Qual é a real importância de participar de um reality musical na visão de quem ganhou um?
Eu entrei para o reality com um trabalho um pouco mais estruturado. Já tinha um disco, sou compositor, estava para fechar com um selo muito legal e ia seguir um caminho bem
(Foto: Divulgação)
bacana. Quando rolou, tentei expandir as coisas, fechei com um empresário muito bom, com uma equipe, procurei me profissionalizar, estruturar as coisas para que não fosse algo passageiro, sempre trabalhando com pessoas muito boas. Muita gente entra nessas coisas achando que a vida vai estar resolvida, e esse é o grande erro. No momento que você pensa que não vai mais precisar correr atrás de nada, é aí que as coisas param de acontecer. Eu trabalho muito. Passo o dia inteiro pensando e fazendo coisas voltadas ao meu trabalho, corro atrás das oportunidades e quando elas aparecem, eu agarro com todas as forças. O Breakout foi uma dessas oportunidades. Cheguei lá, com uma ótima banda junto, e aproveitei a oportunidade dada para mostrar meu trabalho, fazer o meu melhor. Ainda tenho muito caminho pela frente, e o dia que eu achar que já fiz tudo, não vai mais ter graça. Acho que o mais bonito da caminhada não é o chegar, mas sim o caminhar.

Você consegue citar Três faixas do "Interior" que mais te marcaram na hora da composição?
Sim. “Intervir”, que a escrevi inteirinha de uma vez só, em 5 minutos; “Rema e Acredita”, composta com o Lucas Silveira [vocalista da Fresno] durante as gravações [do Breakout Brasil] e terminamos a letra no último dia, foi uma experiência incrível e “Quando Você Voltar”, a primeira música que gravei "sozinho", no estúdio do Thiago, que toca comigo, ela estava no primeiro disco, foi a primeira que lancei. Resolvemos regrava-la no segundo, com um arranjo incrível do Lucas.

(Foto: Ind Becker)
Finalizando um ciclo e pronto para iniciar o próximo, Jéf não foge de sua verdadeira essência e confessa que o disco que está por vir será sobre amor, sentimento que quer levar ao público, ainda mais. A previsão de lançamento é para o primeiro semestre do ano que vem e, quanto aos shows, o público do Rio Grande do Sul ainda poderá revê-lo esse ano, Santa Catarina em outubro e, em dezembro, volta para São Paulo. Os cariocas estão cotados para recebê-lo em breve e outros estados não serão esquecidos.

Jéf é isso. É multiartista e sonhador. Quando pensamos que suas composições não podem nos tocar ainda mais, ele prova o contrário. E, se você espera linearidade nos shows, será desconstruído. No fundo, o talento de Jéf é agregador. Que sorte a nossa!

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