Em show de despedida, Thiago Pethit incendeia público e clama por insistência

13:08Sonora


Com ingressos esgotados, turnê Rock n Roll Sugar Darling é finalizada após dois anos de estrada

(Foto: Vic Ragazzi) 

O palco médio do SESC Consolação, localizado na zona oeste capital paulista, estava pronto para receber Thiago Pethit às nove da noite. Os 280 lugares foram ocupados aos poucos por um público mesclado entre os fãs já conhecidos por marcarem presença em todos os shows, novos rostos curiosos e convidados.

Meu assento, cedido gentilmente pelo SESC, marcava o centro do teatro aconchegante. Foram doze minutos de atraso, tempo para todos se acomodarem até que os músicos entrassem aos poucos. As luzes se apagaram e, como em um sinal instintivo de que o show iria começar, o público silenciou. Mas bastou Thiago Pethit entrar no palco, saindo pela lateral esquerda da cortina, para que as luzes tomassem forma e o público, assíduo, começasse a reagir com gritos e aplausos. 

Marcado para ser o último show da turnê de seu terceiro disco, Rock’N’Roll Sugar Darling, não poderia faltar a introdução, antes mesmo de um “boa noite”, que também abre o álbum, de Joe Dallesandro, artista ítalo-americano que teve grande influência no trabalho de Pethit e que o chama para o “rock n roll”. Bastou um sinal do artista para o que o público levantasse e corresse para a ponta do palco. Ninguém ficou sentado.




Pethit mesclou no setlist e, para seguir, escolheu a dançante “Romeo”, seguida por “1992” e, em um instrumental discreto, os ouvidos atentos encontraram toques de “Bang”, da Anitta, enquanto o artista, despretensiosamente, arriscava na bateria com apenas uma baqueta. E então chegou a hora de dar “boa noite, São Paulo”.

Seguindo o show, com a iluminação que variava entre luzes vermelhas e roxas, “Forasteiro” e “Voodoo”, que traz o blues do Mississipi, embalaram as danças de Pethit que se afastava cada vez mais do microfone e se aproximava do público, com olhar certeiro, para beijar o primeiro fã da noite, atitude comum se você já conhece as performances do artista. Beijou o primeiro, o segundo e, no terceiro, em uma garota, já estava no meio da plateia. É a nuance de artista e público que Thiago não nega e não se priva. 

                                                                     (Foto: Vic Ragazzi)

"Be Your Honey” acompanhou a apresentação dos músicos de Pethit, que foram aplaudidos rapidamente para que o show seguisse com “Perdedor”, “California Dreamer”, “Save The Last Dance” e “Nightwalker”, famosa por ter a atriz Alice Braga em seu clipe e que, no ao vivo, ganhou arranjos de reggae.

Entrosados, os músicos fizeram com que as canções, apesar de explosivas, fossem apresentadas com linearidade, não houve grandes pausas e o público sabia exatamente como cantar, como se fosse uma única faixa que embalou a festa inteira, empolgando até dois fãs subirem no palco e dançarem com o artista. A provocativa “Moon” foi responsável pela quebra para que Pethit a finalizasse e saísse do palco e desse – mais – destaque a um solo de guitarra que aqueceu a plateia.

(Foto: Vic Ragazzi) 

Ele sempre volta. E voltou com a sensual “Devil In Me”, faixa de seu segundo disco “Estrela Decadente” (2012) e, em um medley já esperado, engatou “Blue Jeans”, de Lana Del Rey. Então, como se fosse possível esquecer que Pethit sempre prepara algo a mais, dessa vez a canção “Gasolina”, da banda Teto Preto, foi revelação – revelada, afinal. Pethit pediu “gasolina neles” e o teatro pegou fogo.


Pronto para se despedir, Pethit brincou sobre fazer uma página em que intitula o “publicão da porra”. “São Paulo, vocês são um publicão da porra!”. Foi quando o clima, que parecia começar a esfriar, chegou com tudo em um discurso-desabafo de um artista que é do mundo – e quer ser mais. 

(Foto: Vic Ragazzi) 

“Hoje completo dois anos com essa turnê. Isso, no Brasil, de um artista independente, é praticamente quase impossível. Me sinto vitorioso, tive que me meter em muitas lutas. Estamos entrando em um ano novo, um tempo muito bizarro. Quando comecei, há dez anos atrás, era melhor, mas não estava bom, não era o ideal e vai piorar. A mensagem que deixo é que aprendam a cair e a levantar, estejam prontos pra luta. A palavra era resistência, eu a achava bonita, mas não gosto mais. Agora é insistência. Se cuidem, cuidem de quem vocês amam, estejam prontos para lutar. Insistam! Não somos pedras, não somos resistentes, a gente tá vivo, porra!”. Thiago Pethit, você está pronto. Insista. Você é uma metralhadora em estado de graça. 

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