Carlos Posada disco Isabel

Desvendamos “Isabel”, primeiro disco da carreira solo de Posada

09:06Sonora

O álbum, lançado em janeiro, é absolutamente livre de edições e traz a maturidade do cantautor aliada às vivências e poesia bem amarradas 

Capa de "Isabel" por Daniel Terra

Há cerca de 20 dias, Posada viu “Isabel”, seu primeiro disco solo, vir ao mundo. Eu o ouvi no primeiro dia e decidi escuta-lo muitas vezes, mas ainda assim não foi o bastante. 

Foi em Posada e o Clã, com um aleatório de sorte no Youtube, que o descobri e ali percebi que precisava de mais do que audições no metrô pra senti-lo. 

Foto: Reprodução/ Facebook
Meu companheiro de viagens de idas e vindas do trabalho merecia uma atenção e sensibilidade maior na escrita. Pois foi assim, decidi limpar tudo da cabeça, respirar fundo e tentar ouvir cada uma das notas e palavras desse disco. Finalmente dei o play e abri o Word no meio da madrugada de uma terça-feira. 

“Cartão de Visita” apresenta não só a voz potente e sotaque arrastado de Carlos Posada, como também oferece aos ouvintes alguém de muitos talentos. Precisei de uma pausa para uma pesquisa básica em busca de enumerar os tantos trabalhos do compositor, cantor, com seu Clã, com Lenine e com César Lacerda. De inicio, a intimidade criada pelo violão marcado pelas mãos (imagino eu) pesadas de Posada já exalam a autenticidade e arte que ele carrega.


 

Com muitas notas no violão chega “Remoendo”. A faixa começa e me tira atenção nos dois violões, até que tudo se encaixa em um refrão que traz doçura em uma voz que o acompanha. É Duda Brack.



Sem filtros, já estamos no dia-a-dia, em uma intimidade nos dada de forma absolutamente natural. Com vocais marcantes e poesias bem escritas, “Cadafalso” prossegue o trabalho, faixa que já fazia parte do repertório dele com o Clã e fora gravada por Duda Brack e Lenine.


   

O olhar é peculiar, a formação dos versos sempre inusitada. Um observador de mão cheia. Tudo parece virar canção aos olhos de Posada. “Efeitos Especiais” ganhou meu coração na primeira audição. A música traz um ar de amor sútil vivido em uma tarde de sol morno. A faixa ganha mais vida ainda com a participação de Chico Chico.


 

Ao começar “Norte”, eu leio meia dúzia de relatos em sites de música e garanto que, de certa maneira, todo mundo parece ter ouvido com o coração e notado a sutilidade gritantemente aberta ao mundo do cantor. A música faz eu me perder no pensamento e me lembra “As coisas acontecem de uma hora pra outra/Mesmo que demore a vida inteira para acontecer”.




“Aguais” me fez parar inconscientemente em uma estrada. O instrumental no meio do disco introduz para “Embruteci”, a música que mais considerei relato de Posada sobre si mesmo. Em menos de três minutos, refletimos sobre a tristeza de se acomodar e se sentir sozinho e a alegria e gratidão de quem encontra um motivo válido para seguir.

   

“Castanho” é um prelúdio do fim do disco e também já era parte do repertório da banda de Posada. “Ó, boto play lá?”, seguido de uma conversa rápida, chega com o gosto de noite quente e uma canção no violão com seus amigos na sala de estar. “Eu sou em par”, trecho da faixa, confirma a sensação leve de senti-lo acompanhado. O arranjo é de tirar o fôlego e fazer pular pela tal sala.

 

“Sertão Alegre” encerra com a alegria que promete no título. Um disco íntegro, com raízes fortes. “Isabel” - nome que Posada escolheu também para sua filha que chega em abril - termina com suavidade e esperança.


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