Dona Onete Dona Onete Boto Namorador

A alegria de Dona Onete tropicaliza o Sesc Belenzinho

06:44Sonora

Na última noite de sexta-feira (26), a paraense colocou todo mundo pra dançar e suar

Foto: Divulagação

“A voz dela é incrível” comentou uma menina do meu lado enquanto dava pulinhos, o menino que a acompanhava, apenas assentiu com a cabeça como se não tivesse ouvido bem e em seguida falou em tom mais alto “Eu achei a voz dela maravilhosa”, a menina assentiu e eles olharam para Dona Onete. Todo mundo estava desconectado e conectado ao mesmo tempo. Não havia tempo pra explicar, só pra sentir.

Era a primeira música, “Coração Brechó”, que apresentou a cantora reluzente em sua cadeira para os meus olhos. O ritmo já era quente em seu oi, mal sabia eu que todo o show de uma hora e quarenta minutos seria sustentado com o mesmo clima tropical.

Aos 77 anos, e às vésperas de mais um aniversário, a geminiana – como fez questão de contar no meio da apresentação – é, sem dúvidas a senhora com mais vivacidade que já vi. Dona Onete é ALEGRIA.

Os batuques marcados sucederam “Quando Te Conheci” e “Proposta Indecente”, num compilado de três faixas assinaladas como Bolero no setlist. O Bolero fez as pessoas dançarem e sorrirem. Pares de dança se formaram. 

Assista ao videoclipe de "Proposta Indecente" em um feat com a cantora Aíla:



Eu abandonei a mochila num canto e ficava entre olhadinhas, foi quando percebi que centro do espaço havia um montinho de mochilas, blusas de frio e CHINELOS que haviam sido deixados em conjunto ali no chão pra que todos pudessem se mexer pela pista.

O Sesc Belenzinho estava tomado por uma onda de dança composta por bailarinos de idades distintas, mas em sua maioria muito jovens. O ritmo do Pará tomou conta da nova geração que com suas franjas curtinhas, brincos grandes, vestidos leves e pés descalços se desprendiam de toda vergonha e giravam entre si com a melodia e voz de Dona Onete.

Toda essa diversão não passou despercebida por ela que comenta ao fim da canção “Boi Guitarreiro” o quão bons dançarinos via do palco. A canção precedia “Queimoso e Trevoso”, que ganhou passos coordenados da plateia. 




“A alegria de Dona Onete transborda entre vocês”, diz ela sorrindo do palco. A simpatia e amor são transformadores.

“Boto Namorador das Águas de Maiuatá” continuou o show e foi gravada especialmente para a novela da Globo, Força do Querer, que vai ao ar todos os dias às 21h. “Moreno”, “Feitiço Caboclo”, “Faceira” preparam pra explosão que viria em “No Meio do Pitiú”, música ritmada pelas palmas altas  e que ganhou uma dança da cantora que levanta calma de sua cadeira pra uma dança despreocupada segurando as barras do vestido. Tudo isso vinha como esquenta pra querida “Jamburana” que faz todo mundo descer e subir, cantar alto.

Com cinco faixas para o final, o suor escorria das minhas costas. Olhei em volta e não sobrara mais ninguém parado. O funcionário que operava a mesa de som do lado direito do palco mexia os pés e a cabeça. 



“É No Sabor do Beijo”, “Na Linha do Arco-Iris”, “Tipiti” manteve o ritmo acelerado e antecedeu o único momento respiro, ainda muito quente, do show. “Poder de Sedução” juntou casais em passos calmos e sensuais, contei quatro pares de olhos fechados enquanto dançavam ao meu lado.

“Banzeiro” rasgou o momento romântico entre pulos frenéticos e quase carnavalescos e Dona Onete anunciou o fim de seu show com “Lua Namoradeira” e ouviu um sonoro “NÃO”. Mas advertiu: "gente, preciso ir, amanhã eu vou pra Santos”. Na despedida, ela recebe em mãos uma bandeira do Pará que estica junto com seu sorriso largo e uma emoção evidente. 



No final do show, olhei suada pro meu amigo e ele me olhou sério e disse “A gente tem que ir pro Pará ver essa mulher lá... O que foi isso?”.


O que foi isso, Dona Onete? O que foi? Foi a força da alegria que transborda em você, foi a música e a dança tomando conta da nossa sexta-feira à noite. 

Acompanhe Dona Onete:



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