Banda Uó Candy Mel

Candy Mel fala sobre machismo e mulheres na música

07:33Sonora

“O que aprendi com essas mulheres foi resistir", conta Candy Mel da Banda Uó em papo sobre música e feminismo

(Foto: Luis Ojima)

Acompanho Candy Mel, especialmente no Instagram, há algum tempo. Acho engraçado como essas redes sociais fazem a gente se sentir próximo de quem nunca conhecemos de verdade e olhamos no olho. Me sinto feliz de achar que acompanho um pedacinho da vida dela.

Ela é a musa da Banda Uó, onde divide o microfone com Matheus Carrilho e David Sabbag. É também a primeira apresentadora transexual do país (à frente do Estação Plural, exibido na TV Brasil, que teve sua primeira temporada em março do ano passado), também foi a primeira trans a estrear em um comercial de maquiagem, em 2015 e voltou aparecer em uma nova campanha neste ano.

(Foto: Divulgação) – Assista a primeira propaganda AQUI e a nova campanha AQUI.
Candy é a representatividade de tanta coisa. Ela num programa de TV, ela numa propaganda de cosméticos, ela num palco. Ela.

Curioso como eventualmente a gente não percebe o que está acontecendo e não nota o grito das coisas. Candy Mel é um passo largo, num salto alto, com cabelo enrolado, cheia de vida. É uma transexual sendo respeitada, se amando e berrando liberdade, escancarando a representatividade.

Assista ao último clipe da Banda Uó, "Sauna":



Comemoramos há pouco (e ainda mantemos a comemoração) do fenômeno incontestável do feminejo. Mulheres dominando os topos das paradas com seu sertanejo e deixando de lado o machismo que sempre consumimos nas músicas mais tocadas. Confesso que pode estar parecendo confuso sair de Banda Uó e parar em Marília Mendonça, Simone e Simaria e Maiara e Maraísa, mas foi esse o tema que iniciou minha conversa com Candy.

De confusão entre feminejo e Candy Mel, no final, não há nada. “Quando uma mulher se apodera de lugares que antes eram ocupados majoritariamente por homens heterocissexuais, isso dá poder a outras! Seja em qualquer segmento musical... Essa representatividade feminina só faz abrir caminhos pra outras artistas em todos os gêneros!”, afirma.

Foto: Divulgação
Conquistar lugares maiores no mundo musical, ver as mais tocadas serem preenchidas com faixas de mulheres, - que por vezes incitam a reflexão sobre o machismo enraizado nas letras- , é uma grande conquista, mas a luta ainda precisa seguir. Infelizmente ainda não podemos comemorar a igualdade dos gêneros. 

“O meio fonográfico, assim como toda a estrutura é bem machista. Internamente e em suas diretrizes possuem poucas mulheres; o que nos faz parecer incapazes de coordenar. Mas a luta é pra que isso mude, pra que quando estiver ocupando esse posto de chefia não sejamos “chatas”, mas sim competentes e aptas”, comenta Candy.

Falando em mercado, a mulher ainda sofre com remuneração baixa. Segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial (FEM) realizada em 2016, de acordo com o ritmo que andamos, os salários entre gêneros só vão se equiparar em 170 anos. A reprodução de estereótipos machistas em ambientes profissionais que contribuem para uma degradação da mulher dentro da atmosfera de trabalho e isso é refletido em seus salários. 


(Foto: Divulgação)
Os dados, desde equidade de remuneração, violência contra mulher (tanto física quanto psicológica), quanto as atitudes machistas que encaramos dia-a-dia mostram a necessidade da luta. O feminismo é necessário e continuará lutando. 

Visibilidade. Precisamos dar visibilidade. Precisamos de união, de fortificação.  “Saibamos identificar as violências e atacá-las de forma precisa!”

Mulheres ensinam, inspiram. Tina Turner, Nina Simone, Djalma Ribeiro, avó Maria, tia Elise, mãe Kátia, toda elas ensinaram algo muito valioso à Candy.

“O que aprendi com essas mulheres foi resistir. Resistir parece só mais uma palavra, mas seu sentido é amplo! Resistir é lutar pela sobrevivência, é se sentir sem armas, mas não fugir dos obstáculos! É fazer da luta de hoje, a paz de amanhã”, finaliza. 

Acompanhe Banda Uó e Candy Mel nas redes sociais:

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